Antonio Nóbrega

Olodumaré

Antonio Nóbrega


Vou-me embora dessa terra...
- Olodumaré...
Para outra terra eu vou...
- Olodumaré...
Sei que aqui eu sou querido...
- Olodumaré...
Mas não sei se lá eu sou...
- Olodumaré...
O que eu tenho pra levar...
- Olodumaré...
É a saudade desse chão...
- Olodumaré...
Minha força, meu batuque...
- Olodumaré...
Heranças da minha nação...

Ainda me lembro
do terror, da agonia,
como um louco eu corria
para puder escapar.
E num porão
de um navio, dia e noite,
fome e sede e o açoite
conheci, posso contar.
Que o destino
quase sempre foi a morte,
muitos só tiveram a sorte
de a mortalha ser o mar.

Na nova terra
novos povos, novas línguas,
Pelourinho,dor, à mingua
nunca mais pude voltar.
E mesmo escravo
nas caldeiras das usinas,
nas senzalas e nas minas
nova raça fiz brotar.
Hoje, essa terra
tem meu cheiro, minha cor,
o meu sangue, meu tambor,
minha saga para lembrar.

Composição: Antonio Nóbrega e Wilson Freire

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